Parabólica Visão

Parabólica visão do mundo, que etiquetado assim como um absurdo qualquer que um dia passará, a vida, acolhendo a necessidade de se perpetuar, os lances se sucedem, na caleidoscópica visão que se reflete ao infinito, tudo muda ou se muda de um plano para outro, o lugar de existir é preenchido por um vazio existencial, e as pessoas caminharam pálidas e sem brilho, e a cultura se tornou algo distante, um vaso quebrado, que só uns poucos querem colar.

O tempo escorre como areia entre os dedos, indiferente ao desespero de quem tenta segurá-lo. A memória se torna um espelho embaçado, onde rostos e histórias se desfiguram, e o passado é um livro de páginas rasgadas. O presente, um sopro fugaz, e o futuro, um horizonte enevoado. No embalo dessa transitoriedade, a humanidade busca significado onde só há ruínas e promessas quebradas.

No palco da existência, cada ato se desenrola sem ensaio prévio, e os personagens trocam de máscaras sem perceber. Entre aplausos vazios e silêncios ensurdecedores, a busca por um sentido resvala em cenários de artifício. O espetáculo continua, mas a plateia, exaurida, já não sabe se aplaude ou se lamenta a peça que lhe foi imposta.

Os edifícios se erguem e desmoronam, assim como os impérios. A tecnologia avança, mas a alma retrocede. As telas brilham com cores hipnóticas, enquanto os corações se apagam em um crepúsculo de emoções anestesiadas. O humano se dissolve na virtualidade, e o toque genuíno se torna um luxo perdido no tempo.

As ruas são labirintos de concreto, onde os passos ecoam como notas soltas de uma melodia incompleta. Os rostos que se cruzam são sombras fugidias, sem tempo ou vontade de se deter. O amor, antes chama ardente, reduz-se a fagulhas dispersas, consumidas pela frieza de um mundo que já não reconhece sua própria face.

Os sonhos, outrora alicerces da esperança, hoje se tornam névoa que dissipa ao menor sopro da realidade. Os olhos fitam o horizonte, buscando respostas no céu encoberto por um véu de incertezas. O passado ecoa em suspiros, enquanto o presente se dissolve em desilusões. E o futuro? Ah, o futuro, esse eterno enigma que dança no limiar do desconhecido.

A fé, outrora bússola certeira, agora vacila diante do caos e da dúvida. A espiritualidade, reduzida a rituais mecânicos, perde seu brilho essencial. O homem, que antes buscava a luz divina, agora tropeça em sombras projetadas por sua própria descrença. A busca por sentido se torna um labirinto onde poucos encontram a saída.

As palavras, antes portadoras de poder e significado, agora são gastas como moedas sem valor. Discursos vazios inundam os ouvidos, promessas se desmancham no ar. A verdade, antes alicerce da civilização, é agora um mosaico de narrativas distorcidas, fragmentos de um espelho que já não reflete nada além do vazio.

A arte, essa essência da expressão humana, é relegada ao esquecimento, como um quadro empurrado para o fundo de um sótão empoeirado. Poucos ainda a veem, menos ainda a compreendem. Os traços geniais se tornam rabiscos incompreendidos, e a beleza se perde em meio à indiferença de uma sociedade que já não se reconhece no espelho da própria criação.

O tempo corre sem olhar para trás, levando consigo as histórias que poderiam ter sido contadas. A humanidade, perdida em sua pressa, esquece-se de que a vida é feita de detalhes. O instante se esvai como fumaça ao vento, e o presente é sempre um eterno quase, nunca um agora absoluto. O mundo gira, mas a consciência tropeça, sempre um passo atrás.

A natureza, outrora fonte de encantamento e refúgio, é agora apenas um cenário de devastação. As árvores sussurram sua tristeza ao vento, os rios carregam o pranto dos que foram esquecidos. A terra, exausta, clama por descanso, mas o progresso cego não escuta. O verde se torna cinza, e o ar se torna pesado com a ausência da vida que antes florescia.

Os sentimentos, antes puros e genuínos, agora são embalados em plástico e vendidos como mercadoria. A alegria se mede em curtidas, a tristeza se transforma em postagens. A intimidade se dilui na exposição constante, e o mistério do ser humano se reduz a estatísticas e algoritmos. O que antes era vivido com intensidade, agora é apenas um dado armazenado em servidores distantes.

A solidão, paradoxalmente, cresce em meio à hiperconectividade. Os olhos se perdem em telas brilhantes, enquanto os corações se distanciam. O toque humano se torna relíquia, e a voz sincera se dissolve no ruído incessante de informações sem substância. O calor de um abraço é substituído pela frieza de uma mensagem automática.

E assim, o ciclo continua, repetindo-se como um eco infinito. O mundo muda, mas a essência permanece a mesma. O homem segue buscando respostas onde só há silêncio, tentando colar os cacos de uma cultura que insiste em se fragmentar. No fim, resta a dúvida: há esperança para este mosaico partido, ou estamos condenados a ver as cores desbotarem até que tudo se torne um imenso vazio sem forma?

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