O Carnaval do Recife e Olinda mais uma vez demonstrou toda a pujança da sua cultura, sua música, seus ritmos e tradições. E era de se perceber no ar uma energia boa, pois a maioria das pessoas presentes nos grandes eventos e polos do carnaval mantinham um clima de alegria contagiante, muito respeito e urbanidade.

Desde as primeiras horas do sábado de Zé Pereira, o Recife Antigo já pulsava com as cores vibrantes dos foliões, aguardando ansiosamente a abertura oficial. O Galo da Madrugada, maior bloco carnavalesco do mundo, levou milhões de pessoas às ruas  espalhando frevo, suor e emoção por cada esquina.

As ladeiras de Olinda não ficaram para trás, com bonecos gigantes desfilando entre os foliões em uma explosão de cores e criatividade. Blocos como “Eu Acho É Pouco”, “Enquanto Isso na Sala da Justiça” e “Pitombeira dos Quatro Cantos” foram destaques, trazendo irreverência e tradição.

Nos polos descentralizados, a festa seguiu forte. Em bairros como Ibura, Várzea e Campo Grande, os shows de grandes artistas do frevo, do maracatu e do forró garantiram que toda a cidade sentisse a vibração dessa celebração popular. O polo do Pina foi outro ponto de efervescência, reunindo uma multidão ao som de grandes nomes da música pernambucana.

O maracatu, com suas alfaias potentes e suas nações desfilando em cortejos repletos de imponência, arrepiou quem teve o privilégio de acompanhar. A Nação Porto Rico, uma das mais tradicionais, encantou com sua bateria precisa e seu bailado hipnotizante, mostrando a força da cultura afro-brasileira.

No Marco Zero, palco principal da festa, artistas como Alceu Valença, Elba Ramalho e Spok Frevo Orquestra transformaram cada noite em uma verdadeira apoteose de ritmos. O frevo, com seus passos acrobáticos, reinou absoluto, mantendo viva a chama desse gênero que é patrimônio cultural do Brasil.

Os cortejos de caboclinhos e troças carnavalescas garantiram que até os menores detalhes da cultura popular estivessem presentes na festa. A Orquestra 100% Mulher, composta exclusivamente por musicistas femininas, emocionou o público com sua energia e representação.

Os blocos infantis também tiveram seu espaço, garantindo que as crianças entrassem no clima da festa com segurança e diversão. O “Bloco da Saudade”, com sua sonoridade nostálgica, levou os mais velhos a uma viagem no tempo, relembrando carnavais de décadas passadas.

A inclusão foi um destaque à parte, com blocos como o “Carnaval Sem Barreiras”, garantindo acessibilidade para pessoas com deficiência. A diversidade também brilhou, com blocos LGBTQIA+ como “Nem Com Uma Flor” celebrando a liberdade de ser e amar.

O calor não foi empecilho para os foliões, que se refrescavam com os tradicionais picolés de frutas e a famosa “raspadinha” vendida nos becos e praças. Os ambulantes aproveitaram a festa para garantir o sustento, vendendo desde adereços coloridos até a famosa “caldinho” revigorante.

Os concursos de fantasias, tanto para adultos quanto para crianças, foram um show à parte. Criatividade e brilho dominaram os desfiles, provando que o carnaval do Recife é também um evento de arte e expressão.

A segurança reforçada permitiu que todos pudessem curtir com tranquilidade. A presença de agentes de segurança e equipes de saúde garantiu um evento organizado, onde o respeito e a civilidade prevaleceram.

Ao final da terça-feira de carnaval, restava a sensação de ter vivido dias inesquecíveis. Mas para os mais animados, ainda havia a quarta-feira ingrata e o “Bacalhau do Batata”, prolongando a festa e fechando com chave de ouro.

O Carnaval do Recife mais uma vez provou por que é um dos mais vibrantes do mundo. Um espetáculo de cores, sons e emoções, onde a cidade se transforma em um imenso palco de celebração da cultura popular.

Lamentavelmente tivemos a informação de que houve casos isolados de violência com vítimas fatais, mas quem sabe um dia a alegria vença a desarmonia, todo dia seja carnaval, e o amor vença o ódio…

Enfim, entre os acordes de frevo e o ecoar dos tambores de maracatu, a capital pernambucana se despediu do carnaval com a certeza de que em 2026, tudo se repetirá, e a emoção voltará com ainda mais força. Até lá, ficam as lembranças e a contagem regressiva para a próxima folia.

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